No começo do ano visitei a Turquia. Por todas as cidades onde passei, percebi um costume muito peculiar: usar bandeiras do país nas janelas das casas. Mais do que isso, pessoas usavam broches do primeiro presidente democrático no peito, adesivos com as cores características eram encontrados em qualquer papelaria e os símbolos do país eram carregados por mulheres em brincos e colares. Com o passar do tempo, percebia que todos os turcos com quem tive a oportunidade de conversar, faziam questão de contar sobre a história do seu país, enaltecendo suas qualidades e defendendo com unhas e dentes a pátria em que nasceram.
Relativamente assustada com tais atitudes, perguntei à diversas pessoas de outras nacionalidades, que encontrei pelo caminho, se aquilo era um hábito rotineiro também em seus países, e a resposta da grande maioria foi sim.
De volta ao Brasil, todas aquelas recordações ficaram no meu subconsciente até um dia, quando elas vieram à tona. Eis que, andando pelas ruas do centro da minha cidade, me deparo com ambulantes vendendo bandeirinhas do país nos sinais, lojas enfeitadas e vendendo diversos produtos em verde amarelo e prédios com faixas de 3 metros dependuradas em suas sacadas.
Alguma coisa errada, pensei eu.
Mas não, não existia nenhuma novidade: era a Copa que se aproximava e, com ela, todo o nacionalismo esquecido pelos brasileiros há quatro anos.
Como um vulcão, o amor pela pátria estava ressurgindo, para mobilizar milhões de pessoas, parar cidades inteiras, causar muitos burburinhos, ser a notícia mais comentada da atualidade e, mais rápido do que se possa imaginar, resfriar suas lavas e deixar toda a poeira levantada repousar sobre o chão até se passar quatro anos, e ele entrar em erupção novamente.
O dia do primeiro jogo chegou e junto com ele, um país inteiro parado, literalmente. Lojas fecharam, fábricas encerraram o expediente e viva alma não se encontrava nas ruas, a não ser, é claro, grupos de torcedores fanáticos aglomerados em bares, buscando uma brecha que fosse para conseguir assistir os lances, em meio à toda aquela multidão.
E quem não conhece até pensa: “é, os brasileiros são um povo realmente nacionalista não é não é mesmo?”