domingo, 23 de maio de 2010

diferente e tão igual


Era um domingo como outro qualquer. Aquele céu cinza e o frio gelado de costume. O silêncio por todo lado. Tudo como sempre foi.
Mas ela não era mais como antes. Alguma coisa havia mudado. Não sabia se pra sempre ou só por aquele momento.
Na verdade, ela mesmo tinha vontade de ser diferente, mas também queria voltar a ser igual.
Muitas coisas aconteceram, ao mesmo tempo foram tão poucas. Tão escandalosas, mas tão imperceptíveis.
Passou a ver tudo sobre um ângulo novo. Mas tudo não deixava de ser como sempre foi.
Ela sentia o mundo aos seus pés e, ao mesmo tempo, a força o mundo sobre as suas costas.
Ela estava forte, mas se sentia fraca. Era sonhadora, mas queria voar baixo. Usava a razão, mas queria a paixão.
Amava e sentia ódio.
Não sabia se tudo isso era bom ou ruim.

terça-feira, 11 de maio de 2010

A jornada de volta

O caminho de volta para casa ia ser longo, já sabia.
Acordei antes do sol aparecer no horizonte, tomei um demorado banho, me vesti e coloquei as últimas coisas dentro das malas (tarefa um tanto quando árdua, já que elas estavam extremamente cheias, do tipo que tem que sentar em cima pra fechar e puxar dos dois lados pra conseguir fazer o zíper andar).
Tomei meu último café da manhã junto à aquela família, pensando que seriam os últimos momentos naquele lugar.
Esperei pelo ônibus perto da minha casa, minha “host mother” me levou até lá. Durante o caminho conversas em clima de despedida, recordações, histórias. Ela me deixou lá e partiu, daquele seu jeito meio frio, incessível. Me senti uma manteiga derretida por estar com aquele sentimentozinho de aperto no coração. Entrei no ônibus com lágrimas nos olhos e não pude evitar o turbilhão de pensamentos que me acometiam.
Uma sensação de dever cumprido, de ter passado por tantos desafios com tanta facilidade e uma gratidão enorme por ter dado tudo certo. Era hora de voltar pra casa e rever todo mundo que eu deixei com saudade. Ao mesmo tempo, era extremamente ruim pensar que talvez estaria pisando naquele lugar pela última vez, aquele lugar que conquistou meu coração e se tornou minha segunda casa.
Fui apreciando cada paisagem e guardando todas as imagens na minha recordação.
A viagem durou duas horas, como previsto. Assim que desci do ônibus, um sujeito me ofereceu o serviço de táxi, e como tinha duas malas enormes e mais uma de mão, essa era a única alternativa. Ele pegou minhas malas e colocou dentro de uma Kombi. O motorista, porém, era outro. Não sabia falar inglês e tive que mandar todo o turco que tinha aprendido durante os dois meses lá. Ele, entretanto, foi irredutível no valor da corrida. Quando pedi um desconto e falei que estava cobrando muito caro ele quase parou o caro e falou para eu procurar outro taxista. Fechei a cara e aceitei o valor, afinal de contas não dava pra ficar rodando com tudo aquilo de bagagem.
O motorista percebeu meu descontentamento e começou a puxar papo. Entendia metade do que ele perguntava e ele entendia um décimo do que eu respondia, mas conseguimos manter algum diálogo por mímica. Quando chegamos no aeroporto, ele deu a entender que não tinha a certificação necessária para atuar como taxista e pediu que, caso necessário, eu afirmasse que ele era um conhecido prestando favor. Tive que pagar escondidinho e aproveitei para chorar um desconto já que ele estava me devendo um favor. Ficou por isso mesmo e ele foi embora.
Entrei no aeroporto com aqueles trambolhos de malas. Encontrei outros intercambistas que também viajariam naquele dia. Ficamos conversando esperando a hora dos check in. Assim que deu o horário fiz questão de ir até lá para me desvencilhar de todas aquelas malas e um amigo turco de um dos intercambistas fez questão de me acompanhar.
Quando cheguei no balcão, a surpresa:
Uma mala com 26 e outra com 31kg. Ri, soltei aquela piadinha clássica do "isso pq foram só 3 meses, imagina se fosse 1 ano?".
Mas não colou, o balconista olhou para mim e soltou: Você pode carregar 20kg, totalizando as duas malas.
Ainda despreocupada, perguntei o quanto pagaria a mais para levar todas elas. A resposta: 20 euros por cada kg. Totalizando 740 euros.
Meu mundo caiu. Quase morri. Minha cara foi lá embaixo.
Chorei, pedi pelo amor de Deus, mas ele foi irreditível.
Falei que voltaria, saí de perto do balcão e começei a pensar nas possibilidades. Não teve outro jeito. Liguei pra minha mãe e contei toda a história. No Brasil eram 6h da manhã e ela acordou assustada.
Falei com ela da possibilidade de deixar uma das malas pra trás. Mas minha mãe fazia questão que eu levasse pra casa tudo que eu havia comprado.
Ela então foi até o banco mais próximo e depositou dinheiro suficiente na minha conta para que eu pudesse pagar. Isso demorou uns 30min. Depois, fui sacar. O problema, sabe-se lá por quê, era que todos os caixas que experimentamos não saia mais do que 100 liras de cada vez. Ficamos, eu e o turco, correndo pelo aeroporto, com o carrinho lotado de malas, de um caixa para o outro tirando de 100 em 100 liras. Faltava somente alguns minutos para terminar o check-in e tinhamos conseguido 600 e pouco. Fomos até a casa de cãmbio, trocamos o que tínhamos e subimos correndo até o balcão.
Chegando lá expliquei que peguei tudo que consegui, mas que o cartão estava dando defeito.
Mais uma vez, o balconista foi irredutível.
Puxei o carrinho para o lado e já estava começando a tirar os plásticos e abrir a mala para extrair algumas roupas e diminuir o peso, quando o gerente da compania aérea chegou perguntando o que estava acontecendo. Expliquei a ele e o gentil homem aceitou que eu pasasse com alguns quilinhos a mais.
Foi a salvação.
Saí correndo para o portão de embarque sem nem dar tempo de me despedir do turco, que me ajudou correndo de um lado pro outro.
Embarquei com a sensação de ser uma besta, carregando um tanto de mala.
Para mim, eu podia carregar em cada mala 32kg. O problema era que isso era de Veneza até o Brasil, e não de Istambul até Veneza.
Quando aterrisei na Itália, a primeira coisa que fiz foi perguntar se realmente poderia levar 32hg em cada mala. E pro meu alívio, eu podia.
Fiquei aliviada.
Fui então tirar alguns euros pra poder pagar um lanche e um hotel para passar a noite. Tirei o cartão da bolsa e fui até o caixa.
Meu saldo estava zerado.
Tudo que tinha foi embora com o exesso de bagagem.
Não tinha mais dinheiro nenhum.
Também não ia ligar pra minha mãe novamente e deixá-la ainda mais preocupada. Resolvi passar a noite no aeroporto, com fome.
Por sorte, tinham R$100,00 na minha carteira, sabe-se lá por quê. Fui na casa cambial desacreditada de que eles pudessem trocá-lo, mas eles conseguiram.
Deu 30 euros. O suficiente para um pedaço de pizza e uma coca-cola, e ainda sobraria alguma coisa.
Pois bem, alimentada, deitei num banco do aeroporto, que a essa altura já estava vazio, e dormi, com os pés em cima das malas.

Despedidas

Alguns vão matar a saudade, outros, vão começar a sentí-la.
Meu coração, no entanto, fica dividido entre a falta que sinto e a falta que vou sentir.
É claro que tenho saudades da minha vida, mas é estranho pensar que também construi uma vida aqui.
Arrumando as malas, cada coisinha que guardo me faz ter inúmeras recordações.
Cada momento, cada imagem, cada som, cada cheiro. Tudo tão vivo na memória, tão intenso, significativo.
Cada roupa comprada, cada folha amassada, cada lembrança guardada.
Tenho certeza que vão ficar na minha lembrança pra sempre...
E tudo, certamente, deixará muitas saudades...

As aventuras de Talita e Paula


A aventura começou antes mesmo de pegar estrada.
Decidimos viajar de última hora. Tivemos como referência um DVD sobre a Turquia do Amaurir Júnior, fotos do Google Image e o Google Earth. Era a nossa última semana no país, talvez nossa única oportunidade e não queríamos perder nem um minuto que fosse.
Tínhamos poucas horas para arrumar as malas e ir pra rodoviária. Mas não nos demos conta disso até aproximadamente 2h antes de embarcar.
Decidimos levar uma mochila cada uma. Com as coisas mais básicas possíveis, só trocaríamos roupas íntimas e as blusas por baixo do casaco. Não tínhamos idéia do nosso percurso e não queríamos levar peso.
Passamos na casa da Paula, colocamos tudo dentro da mala dela no menor tempo possível. Pegamos o ônibus de volta até o centro. O problema era que a minha casa era em sentido oposto. Encontraríamos minha "host mãe" às 9h no shopping e ela nos levaria até a rodoviária, mas já eram 8h35 e só tínhamos R$30,00. Mesmo assim, nossa única alternativa era pegar um taxi.
O taxista queria nos cobrar 40, choramos, jogamos toda a lábia que nos foi possível no nosso inglês-turco-brasileiro, oferecemos 30 e ele aceitou. Fomos batendo papo, a pesar dele só falar turco, mas até que foi uma conversa agradável. Quando chegamos na minha casa, jogamos aquela conversa de que só iríamos pegar uma coisa e voltar pro mesmo lugar e o taxista, solícito que só ele, falou que nos esperaria e nos levaria de volta sem cobrar nada a mais. Saímos correndo feito loucas, colocando tudo dentro da minha mochila e saindo com um monte de coisas na mão.
Chegamos no shopping às 9h20 e minha "mãe" já estava nos esperando. Mas ainda tinha um pequeno detalhe: tínhamos gastado nossos últimos trocados com o taxi. Procuramos um caixa eletrônico, mas todos que encontramos não funcionaram. E claro, não contamos isso pra minha mãe, se não pareceríamos duas brasileiras, loucas, atrasadas e irresponsáveis [oi?].
Chegamos na rodoviária e pra completar o guichê não aceitava cartão de crédito. Procuramos outro caixa eletrônico e por sorte conseguimos sacar dinheiro.
Compramos a passagem, nos despedimos da minha host mother e fomos lanchar porque sim, não tínhamos comido até aquela hora. E claro, tivemos que correr com pães com salsicha e latinhas de ayron pelos corredores da rodoviária para não perdermos o ônibus.

Lição do dia: arrumar as malas com antecedência, não confiar em caixas eletrônicos e andar sempre com dinheiro na carteira.


Nosso primeiro destino foi Capadócia. 9h de viajem até lá. Passamos a noite dormindo e fomos acordadas por um belíssimo nascer do sol no caminho.
Uma das poltronas não inclinava, e estávamos morrendo de dores pelo corpo. Uma vantagem do ônibus na Turquia é o serviço de bordo, com bolos, bebidas e café da manhã.
Chegamos em Capadócia umas 10h. O que não sabíamos era que Capadócia não era uma cidade em si, mas um lugar cheio de vilas, e você tinha que escolher uma delas. Daí nos perguntaram:
_Pra onde vocês vão¿
_E nós: Capadócia.
_Sim, mas vocês já estão na Capadócia, vocês tem que nos dizer qual vila...
_Capadócia. Não serve não¿
A sorte era que tínhamos um casal de espanhóis turistas como nós, e nos emprestaram um mapa com informações sobre toda a região. Eles nos aconselharam Goreme, e nos ofereceram ajuda, já que eles também ainda não tinham um hotel certo para ficarem e iriam procurar quando chegarem lá. Foi o que fizemos.
Praticamente todos os hotéis eram no mesmo estilo: rústicos, com quartos dentro da pedra. Escolhemos um com bom preço e que nos ofereceria ainda uma festa à noite, com churrasco e vinho da casa.
Não pudemos conter nossa empolgação. O lugar era simplesmente lindo e diferente de tudo que já vimos e sonhávamos ver. Entramos no quarto feito crianças, jogamos as coisas no canto e começamos a gritar e pular feito doidas, nos jogando na cama e fazendo aquela bagunça. Tiramos fotos, filmamos e não pudemos deixar de fazer vídeos pra matar de inveja todo mundo que ia assistir.
Deixamos nossas mochilas e fomos dar nossa primeira volta. O dia tava lindo, sem nenhuma nuvem no céu. O dono do hotel nos deu carona até um museu, com mais de 100 afrescos e igrejas construídas nas pedras nos séculos V e VI. A coisa mais impressionante, ver como os cristãos construíram suas casas e templos naquele tempo, se refugiando numa região completamente rochosa e fria. Podemos ver de perto uma das pinturas mais bem conservadas da figura de São Jorge, que nasceu e viveu lá durante muito tempo e é um dos santos mais famosos no Brasil.
Do lado de fora do museu, encontramos um camelo e claro que não perdemos a oportunidade de tirar fotos. Depois do custo pra subir no bicho, o dono queria nos cobrar R$20,00 pra cada uma mas, mais uma vez, usamos todo o nosso poder de persuasão e pagamos R$10,00 juntas. Voltamos andando para o hotel e famintas, passamos num restaurante no terraço de uma casa, onde pudemos apreciar a paisagem no fim da tarde e ainda comer panquecas com sorvete.
Depois chegamos no hotel, mortas. Como estávamos suadas, o quarto nos pareceu ainda mais frio. Fomos ligar o aquecedor e Tum! O negócio explodiu e a energia toda do lugar parou de funcionar. Ixi, pensamos, agora vamos ser expulsas daqui e ainda vamos ter que pagar pelo concerto de tudo. E a coragem de ir contar que fomos responsáveis pela falta de luz no hotel inteiro¿ Chegamos todas melindrosas para falar com o gerente, mas ele era mais gente boa do que imaginávamos e foi até o quarto, ele mesmo, para arrumar a nossa lenha. Por sorte não era só um pequeno curto nos fios, sem grandes problemas. Tomamos banho, dormimos, comemos churrasco, bebemos vinho e, é claro, dormimos novamente, como pedras.

Lição do dia: saber ao certo o destino que você pretende chegar, confiar em alguns estranhos quando não se tem outro jeito e pechinchar sempre que possível.


Fomos acordadas ainda de manhã cedinho com esmurros na porta. O gerente, que já nos apelidara de “singles laides” nos gritava loucamente e nos pedia que acordássemos. Abrimos a porta ainda muito sonolentas e ele nos disse que a vã da qual havíamos acertado um passeio sairia vem 20 minutos. Falamos que iríamos acordar, mas voltamos pra cama quase que imediatamente. Passados 15 minutos ele volta a bater, perguntando se estávamos prontas. Respondemos que ainda não e que provavelmente não iríamos. Estávamos tontas de sono. Ele, porém, afirmou que se não fossemos perderíamos o dinheiro do passeio e foi aí que levantamos num pulo.
Nos arrumamos correndo, colocamos tudo dentro das mochilas novamente e descemos. Como imaginávamos, uma vã cheia dos olhinhos puxados [sim, turistas de olhos puxados estão por toda parte e adoram uma excursão com guia turístico] nos esperava. Entramos no banco da frente sem nem coragem de olhar pra trás.
O guia entrou, se apresentou e quem foi a vítima da piadinha da rodada fomos nós, é claro.
A primeira parada foi um mirante, depois seguimos direto para uma cidade subterrânea de aproximadamente 1km² e oito andares, pra baixo da terra, logicamente. Não preciso nem contar a admiração que o lugar provoca nas pessoas, já que foi construído por volta do séc. II. Mas deixo bem claro que o lugar provoca medo também, um exercício de superação para os claustrofóbicos!
Depois disso, fomos conhecer um Quênia de 2 km de extensão. Um passeio delicioso às margens de um pequeno rio que passa entre os dois lados de paredão. Uma sensação de sossego, paz, uma vontade de ficar ali a tarde inteira pensando em nada, só ouvindo o barulinho doce da água.
Conversa vai, conversa vem, ouvimos um sotaque brasileiro e quando nos viramos, nos demos conta que tínhamos um compatriota no grupo [só depois de já termos falado batatinhas a rodo, achando que ninguém nos entendia]. O cara também era turista e estava morando em Lisboa junto com um monte de amigos latinos americanos que estavam com ele. É muito legal compartilhar experiências assim. Logo todos ficaram amigos e na hora do almoço a galera toda juntou as mesas e rolou uma super integração [coisa de brasileiro mesmo!].
Após o almoço, seguimos até um antigo monastério, construído nas pedras mais altas da região. Uma paisagem também impressionante.
De volta para o hotel, o que começou bem paradinho se tornou uma verdadeira bagunça, com trocas de e-mails e até palinhas de músicas. Uma excursão com guia até que é bem interessante. Gente de todo lado e figuras características. Quem já assistiu ao filme “Falando grego” sabe do que estou falando. Sempre tem o engraçadinho da turma, os bonitões pega geral, os atrapalhados, as velinhas viúvas e as bonitonas solteiras, no caso, nós nos encaixamos melhor nessa ultima categoria.
Chegamos ao hotel no fim da tarde, e esperamos até a hora de embarcar para mais uma viagem. Foi o gerente mais uma vez que nos avisou que estava na hora de irmos para a rodoviária. Foi só aí que percebemos que havia começado o horário de verão naquele dia, tínhamos acordado atrasadas por conta disso e perderíamos o ônibus também por causa disso.
Passamos 11h viajando até o nosso próximo destino.

Lição do dia: não ter preguiça de acordar cedo, um passeio com guia turístico pode valer a pena, conferir o seu relógio antes de sair é fundamental e nunca duvide que um brasileiro pode estar perto de você.


Chegamos em Efes logo de manhã. Ainda não tínhamos aprendido a lição por inteiro e não programamos nosso destino direito mais uma vez. O ônibus nos deixou no meio de uma estrada e não existia mais nada além de taxis. Um dos taxistas falava inglês e nos ofereceu um passeio pelos pontos turísticos da região. Estávamos a 1 km da entrada do parque e uns 7 km da cidade de Efes, onde tinha a cidade propriamente dita. Preferimos conhecer o lugar primeiro e depois ir descansar. Pedimos a ele para parar em um lugar com banheiro para trocarmos as roupas e lavar o rosto, íamos passar mais um dia sem tomar banho.
Depois de uma breve arrumadinha na cara de passadas, começamos a subir a serra em direção à casa de Maria. O lugar onde Ela passou, refugiada, seus últimos dias de vida. Um lugar tão gostoso, que transmite uma calma sem igual. Mesmo os turistas de outras religiões que estavam visitando o lugar, não deixavam de acender velas e fazer orações. Do lado de fora da casa, existe uma bica, onde muitos acreditam que a água é milagrosa. Não podíamos deixar de encher uma garrafinha pra levar pra família. E pra finalizar, deixamos nossos mais importantes desejos, escritos em folhas de papel, em um grande muro pedidos.
Seguimos para o parque de ruínas históricas do local.
O taxista nos esperou na saída e nos levou para a cidade de Efes, para procurarmos um hotel.
Mais uma vez usamos a nossa lábia para conseguir o melhor quarto, pelo mesmo preço do mais simples, já que estavam todos vazios. O gerente ainda nos perguntou se queríamos acompanhar a ele e um casal de amigos em um passeio até a praia, pra ver o sol se por. Como não tínhamos nada a perder, aceitamos o convite.
Na ida, paramos em um posto e o cara começou a comprar um monte de bebidas, e a única coisa que nos passava pela cabeça era: “onde fomos nos meter¿”
Estamos eu, Paula, o gerente, um amigo e mais o casal de americanos. Já na praia, eles fizeram uma mistura que ficou muito agradável ao paladar, mas que sabíamos que não poderíamos abusar.
Sentamos na areia, perto do mar, e por ali ficamos um bom tempo, conversando, enquanto o sol ia se pondo no horizonte. Cantamos músicas, ouvimos histórias, lembramos do passado e projetamos o futuro.
Quando levantamos, porém, nos sentimos levemente embriagadas e era claro que não podíamos contar e nem deixar transparecer isso. Já estava escuro, o gerente que nos levou tinha bebido o triplo do que a gente, e consegue-se imaginar o quão alterado ele estava. Apesar de bêbadas, estávamos sóbrias o suficiente para percebermos que era melhor voltar. Falamos que estávamos sendo atacadas por pernilongos e pedimos para voltar pro hotel. O cara concordou e felizmente conseguimos chegar no hotel em segurança. Fomos para a sala de televisão, compramos pizzas e ficamos por lá jogando mais conversa fora.
Estava tarde e estávamos cansadíssimas. Fomos para o quarto, mas ao invés de dormir, a bebida nos bateu ainda mais forte e ligamos o som na maior altura. E lá foram as duas doidas dançando e cantando dentro de um quarto de hotel.

Lição do dia: Planeje sua viajem e saiba o local de destino do ônibus que você pegou. Não abuse das bebidas alcoólicas.


Dormimos sabe-se lá que horas, e acordamos mais tarde ainda. Perdemos o café da manhã, e também não tínhamos destino certo. Decidimos ir pra Izmir, conhecida aqui no Brasil como Esmirna, uma das maiores cidades da Turquia.
Pegamos o ônibus e chegamos lá um pouco depois do almoço. Juro, tentamos procurar pontos turísticos, shoppings ou qualquer coisa que pudesse nos divertir, mas não achamos nada além de ruas e mais ruas movimentadas. Estávamos cansadas daquela maratona toda e resolvemos procurar o Buguer King mais próximo e nos deliciar com um super hambúrguer e muita batata frita. Como o ônibus de volta pra Kocaeli só sairia a noite, ficamos por lá um longo tempo, conversando e conversando.
Pegamos o ônibus de noite e fomos dormindo feito pedras. No meio da viagem, o motorista fez uma parada e estávamos morrendo de fome. Vimos um Mac Donalds do outro lado da rodovia e não tivemos dúvidas de que aquele seria o nosso lanche. Deixamos as mochilas dentro do ônibus, porque já estávamos de saco cheio de carregá-las e só pegamos as carteiras. Como disse a Paula, já estávamos “desapegando e entregando”.
Fomos correndo até a lanchonete, estava tudo escuro e deserto e não havia ninguém além de nós e os atendentes. Fizemos nosso pedido e voltamos. No caminho, um homem começou a fazer barulhos com se chamando a gente. Só conseguia correr ainda mais rápido e pedir a Paula para não olhar pra trás. Falava pra ela: “Paula, eu sei que você gosta de ser simpática com todo mundo, mas, por favor, não olha pra trás, não dá idéia.” E ela tentava acompanhar meu passo, cantando “segura na mão de Deus e vai...”
Chegamos na rodoviária finalmente, o caminho pareceu dez vezes maior do que na ida, o problema era que não tínhamos observado o lugar onde o ônibus estava parado, e nem sabíamos a cor dele. Ficamos desesperadas. Nossas mochilas, computadores, câmeras, tudo ali dentro. E se ele já tivesse ido embora e nos largado pra trás, naquele lugar cheio de homens turcos¿
Começamos a entrar em todos os ônibus, mas nenhum tinha as nossas coisas. Já estávamos pensando nas possibilidades de roubo ou abandono, quando um ser gentil se aproximou de nós e nos ofereceu ajuda. Falamos o nosso lugar de partida e de destino e ele nos apontou o ônibus certo. Não sei como não tínhamos o visto antes. Agradecemos trilhões de vezes e subimos correndo para conferir se nossas coisas estavam lá, e por glória divina estavam, intactas. Fizemos nosso lanche dentro do ônibus e dormimos novamente, como anjos.


Lição do dia: Saiba o que fazer, para onde ir e o que visitar quando você for parar em outra cidade. Lembre-se de verificar como é e onde parou o seu ônibus. Em situações de perigo, olhe para frente, corra, segure na mão de Deus, e vai.


Chegamos em Kocaeli umas 6h. Pedimos ao motorista que nos deixasse na entrada do bairro, já que era caminho. Já havia avisado minha mãe que chegaríamos de manhã e ela tinha me passado uma mensagem com o número do taxi para que pudéssemos pegar assim que chegássemos. Mas como já estava amanhecendo, decidimos pegar o ônibus. Porém, ele só passaria dali a uma hora. Resolvemos, então, ligar para o taxi, mas a bateria do meu celular tinha acabado, não tínhamos anotado o numero em nenhum papel e também não tínhamos cartão telefônico e muito menos orelhão para ligar pra um taxista ou pra casa.
Decidimos ir andando. Só não imaginávamos que o caminho era tão longo quando feito a pé. Estávamos cansadas, com mochilas que já considerávamos pesadas à aquela altura e com frio. Cada esquina que virávamos não víamos nada além de mais um trecho a ser percorrido, e para completar a história, ainda fomos paradas por militares que não falavam inglês e queriam nos interrogar, afinal de contas, o que duas loucas estariam fazendo àquela hora da manhã, andando por aquele caminho¿
Para nos distrairmos, começamos a cantar músicas que pudessem resumir tudo que passamos e distrair nossas pernas cansadas. Entram na lista “beautiful Day”, “tchubaruba”, “This is my life”, “Segura na mão de Deus”, entre outras.
Chegamos em casa depois de uma hora. Com o dia raiando pela janela. Não fizemos mais nada além de colocar pijamas e dormir por um longo dia.

Lição do dia: Não confie na bateria do seu celular, tenha sempre uma segunda opção, carregue um repertório de músicas para todas as situações. Corra perigos, passe por situações embaraçosas, viva cada momento e guarde todos eles na memória. No final, lembre de tudo e se divirta com tudo que passou.

24 de março – Bye bye Party

O intercâmbio chegou oficialmente ao fim.
Nos reunimos, escrevemos recadinhos uns para os outros, e choramos.
Choramos, e não foi pouco.
Sei lá, podia ter sido diferente. Pessoas descontentes, doidas para voltar pra casa, cansadas de tudo e todos.
Mas não, estávamos tristes por tudo aquilo estar acabando. Por ser a última vez reunidos, naquele país que se tornou nossa segunda casa. Ao mesmo tempo, felizes, por tudo ter dado tão certo.
É incrivel como em dias a nossa vida se torna completamente diferente de tudo o que era.
Num intercâmbio essa é a sensação predominante.
Como pessoas que simplesmente não tinhamos noção que existiam de uma hora pra outra se tornam tão queridas, talvez até chegando ao posto de "melhores amigos".
O tempo vai passar... talvez até esqueceremos alguém ou alguma coisa, mas quando aquela música tocar, uma foto surgir na tela do seu computador, ou um recado inesperado aparecer na sua página de relacionamentos, lembraremos de cada momento, com saudade. Muita saudade.

20 de março – Shopping, shopping, shopping!

Se tem uma coisa que fizemos nesse intercâmbio foi compras!
Assim que descobrimos o tanto de coisa linda e barata que tinha nesse lugar, não conseguimos nos conter!
Uma peçinha aqui, outra alí! E por assim vai!
Aos poucos, um pouquinho foi se tornando em um monte de roupas e sapatos, e ainda foram se acumulando as encomendas e presentinhos que não podiam faltar!


14 de março – Global Village

O Global Village é um evento organizado pela Aiesec em que os intercambistas em determinada cidade se reunem e montam uma espécie de feira, para mostrar aos visitantes coisas típicas e explicar mais sobre sua nacionalidade.
É uma diversidade cultural enorme e muito divertida.
São nesses momentos também em que você, ou eu, pelo menos, vê como o seu país é valioso e tão querido.
Por mais que ele tenha problemas, que não são poucos por sinal, e muitas coisas que nos entristece e nos envergonham, ele também nos dá orgulho.
Tive orgulho de falar que sou BRASILEIRA, apesar dos pesares.

07 de março – Bursa

Neve, frio e muita diversão.
Três palavras que definem esse final de semana.
Top, top, top of the mountain!
Duas brasileiras vendo neve pela primeira vez, fazendo bonequinho de neve pela primeira vez e eskiando pela primeira vez!


Bursa fica a mais ou menos 2h de Kocaeli. Uma cidade grande, mas sem nenhum atrativo à parte. Quem chega, pensa até ser uma cidade como outra qualquer. Porém, na sua saída, existe uma estrada, que sobe, sobe e sobe, até começar a dar sinais de rastros brancos no asfalto. E vai sobindo mais até tornar a paisagem toda branca, repleta de neve.

Alguns hoteis espalhados pela estrada e lá, no topo da montanha, um parque de ski, onde só se vê montanhas brancas, o céu azul, as núvens aos seus pés, pinheiros como os dos filmes e pessoas com roupas esquisitas e grandes pés, correndo morro abaixo!

Simplesmente sem explicações!

15 de fevereiro – Kocaeli

A primeira semana aqui passou voando. Fomos ao escritório da Aiesce todos dias, preparamos apresentações e slides, e nos conhecemos mais uns aos outros. No final de semana assistimos à um show de folk music e mais integração cultural.
Hoje foi o dia em que tive minha primeira experiência ligada realmente ao projeto. Fui a uma high school, junto com outros intercambistas e falei sobre meu país.
As escolas aqui são públicas, mas ao contrário do Brasil, são de ótima qualidade. A infraestrutura, os professores, tudo de primeira. Os alunos tem 8 aulas por dia, inglês obrigatório e passam por volta de 7h no colégio. Chegam de manhã e saem à tarde, e tem direito a uma ótima refeição na hora do almoço. Realmente a educação aqui não se compara à do nosso querido país. O Brasil tem que melhorar muito para chegar lá.
But, quanto às minhas aulas, coisa bem café com leite, do tipo apresentação bem simples e rapidinha sobre mim e meu país, e depois umas perguntinhas dos alunos. É muito legal ver como os olhinhos deles brilham quando eu falo que eu sou do Brasil. E mais legal ainda é mostrar a eles que Brasil não se resume apenas ao carnaval, futebol e mulher pelada.

14 de fevereiro – Kocaeli



O dia começou como um domingo deveria ser. Acordar, trocar de roupa e sair pra fazer alguma coisa. Eu, Yoko, minha “mãe” e suas amigas, fomos a um hotel na beira do mar para um farto breakfast. Um lugar lindo, à beira do mar, um clima de inverno mais que agradável, daquele jeito em que o frio se torna delicioso. Só isso, já era mais que suficiente para me fazer pensar, a cada segundo, como seria bom se meu namorado tivesse lá comigo, o programa perfeito. Mas, como se não bastasse, casais, a todo instante passeavam por mim com sorrisos no rosto, com a intenção única de me fazer sentir ainda mais saudade.
Eis então, que pessoas surgem no jardim, com toalhas e flores nas mãos. Nada mais do que uma festa de casamento começa a ser montada em minha frente.
Ok, prossigamos. Depois de abastecidas, uma volta de carro e uma pequena parada em um café à beira mar, e..., mais casais desfilando. Homens com flores nas mãos, barraquinhas de chocolates fervilhando e mulheres exuberantemente felizes.
Após essa pequena incitação à inveja alheia, fomos então ao shopping. Um filminho não faz mal a ninguém certo¿ Errado. Dou 5 liras turcas pra quem adivinhar o filme.
Ganhou quem disse “Valentine’s Day”. Sim, a-que-la comédia romântica típica de um dia chuvoso, debaixo do edredom, comendo pipoca bem agarradinha ao namorado.
Mas não acaba por aí não. Pra completar, o cinema aqui tem um lance de intervalo, e comerciais ficam rolando enquanto isso. O que tem de mais nisso¿ Simplesmente um cara apaixonado usou desse recurso e pediu, em tela de cinema, a namorada em casamento. Com direito a beijo, aplausos e olhos formigando de inveja.
Sim, esse foi meu Valentine’s Day. Foi bom pra vc¿

10 de fevereiro – Kocaeli

Ainda não me acostumei com as comidas daqui. Não vou dizer que não são gostosas, pelo contrário, algumas coisas são até bem parecidas com as brasileiras das quais to bem acostumada e sou uma das maiores fãs, mas a maioria das comidas tem um tempero muito forte, difícil de comer. Outras coisas são também bem diferentes, como o arroz, que é bem mais empapado aqui, e meio sem gosto. E eu acho que foi justamente ele quem me fez passar mal hoje durante todo o dia.
Ontem, foi o que eu comi no almoço e, à noite, durante uma festinha entre intercâmbistas e aiesecos, comecei a ter febre e enjôos. Vim pra casa, e hoje passei o dia da cama para o banheiro e do banheiro para cama. De tão fraca, cheguei ao ponto de quase desmaiar. E o pior, é que eu não tive ninguém por perto.
É claro que as pessoas cuidaram de mim aqui, se preocuparam, me ajudaram, mas o carinho de pai, mãe, vó, irmãos e namorado, não tem igual. É muito ruim estar longe das pessoas que você mais ama, ainda mais quando você ainda está fraco e precisando de atenção...
Acho que hoje, foi o dia em que minha ficha realmente caiu, que eu realmente percebi a distancia que me separa de todo mundo... Ai, to com saudade já.

07 de fevereiro – Kocaeli


É impressionante como sua vida pode mudar em tão pouco tempo. Em dois dias eu me despedi da minha mãe e irmã, que voltaram pro Brasil, e fiquei completamente sozinha. Estive com pessoas que eu não tinha idéia da existência, encontrei gente de todo o canto do mundo, e agora estou morando na casa de uma pessoa desconhecida, com uma família que será a minha família durante 2 meses. Tudo muito estranho e assustador. Ao mesmo tempo muito legal! Conhecer gente diferente, ver como esse mundo é grande, descobrir países que você nem sabia que existia. Um misto de emoções e sentimentos. Tudo é muito novo.
Fui recebida, sábado de manhã, por duas integrantes da Aiescec, que me levaram até um grande hotel, ainda em Istambul, onde seria realizado um congresso para todos os intercambistas. Ao chegar, conheci de cara dois brasileiros, que me fizeram sentir um pouco mais em casa. Passamos o dia assistimos palestras e, à noite, uma festinha de boas vindas. No dia seguinte, cada grupo viajou para sua cidade.
Chegamos em Kocaeli à tarde e fomos recebidos por nossas “host familys”. Minha “mãe” me levou a um restaurante onde tive as primeiras aulas sobre nomes e comidas típicas e depois fui conhecer minha nova casa, que é linda por sinal.
Obs.: Tenho um quarto, com cama de casal e um quarda roupas, só pra mim! ;D

05 de fevereiro – Istambul

Istambul realmente é um cidade cheia de contrastes. Monumentos de séculos atrás, e metrôs nas ruas, sons de orações hipnotizantes vindos de mesquitas e pessoas com fones nos ouvidos passando apressadas pelas calçadas, meninas com véus na cabeça e all star nos pés. Ao mesmo tempo tão familiar e tão diferente.
De um lado Europa, do outro Ásia. Dividida entre o centro histórico e o badalado centro moderno. Uma cidade de mil faces. Simplesmente incrível.
O Grande Bazar, por exemplo, é de enlouquecer qualquer um, principalmente as shoppaholics [oi?]. Mais de 500 anos e 700 lojas, vendendo de tudo que se pode imaginar, principalmente joias, que lá, de tão comuns, são tratadas como outra mercadoria qualquer. Impossível sair com as mãos abanando, até mesmo porque os turcos adoram negociar. Jogam o valor dos produtos lá em cima, e se você chorar bastante, conseque levá-lo por até metade do preço!
E por falar em joias, outra coisa de impressionar é a visita ao Museu do Palácio Topikapi. Uma aula sobre império bizantino, turco-otomano e todos os seus sultões.
Resumindo: impossível não se surpreender e se apaixonar por Istambul.

03 de fevereiro – Istambul

A viagem para Istambul começou com um atraso. A companhia aérea avisou aos passageiros que o vôo atrasaria uma hora devido às más condições do clima. O que eu não esperava era chegar em Istambul e ver tudo branquinho, à medida que o avião se aproximava da pista de pouso. Uma linda imagem de boas vindas.
Enquanto o avião pousava, confesso que meu coração palpitava mais forte, e minha mente se ocupava com expectativas e medos, afinal, seriam 2 meses naquela terra desconhecida que eu acabara de chegar.
Ao pisar no aeroporto, os choques culturais começam a aparecer. Mulheres de burca e lenços, homens com aquelas “toquinhas” mulçumanas que eu não sei o nome, e até aeromoças passaram por mim com panos na cabeça.
Pegamos o taxi até o hotel e no caminho apreciamos uma linda paisagem à beira mar. Barcos, pássaros, o mar azul. Deixamos as malas no hotel e saímos para a primeira volta na cidade. Fomos andando sem destino e a primeira coisa que saltou às nossas vistas foi a grandiosa Mesquita Azul. Uma construção maravilhosa, e diferente de tudo que estamos acostumados a ver. Para entrar, você tem que tirar o sapato e se cobrir, nada de braços ou pernas de fora. Por dentro, o chão é todo coberto por lindos tapetes e não há móveis, estátuas, esculturas ou nada desse tipo, somente lustres e pinturas nas paredes. É muito legal observar os rituais, como o das pessoas rezando. Elas lavam as mãos, rostos e pés fora da mesquita e depois de “purificadas” entram, ajoelham, se curvam. Outro grande choque cultural é durante os horários de oração. Todas as mesquitas ligam seus auto-falantes com homens cantando umas músicas em língua árabe, quase que hipnóticas, de tão assustadoras princípio. É difícil acostumar com esse som.
À noite, caminhamos pela rua principal, cheia de luzes e lindos restaurantes. Paramos para jantar em um eles, que nos ofereceu como cortesia uma espécie de pão, que é feito na hora, oco por dentro e ao furá-lo ele murcha. A comida é bem mais temperada, com bastante pimenta, mas bem saborosa. Depois também ganhamos o tradicional chá turco e uns broches com um olhinho turco, sinal de bons desejos.
Ao contrário do que imaginamos, as pessoas na Turquia são muito simpáticas. E Istambul supera expectativas. Simplesmente fascinante e encantadora com todas as suas particularidades.

02 de fevereiro – Atenas

Sempre ouvi falar do Porto de Pireus, uma das atrações de Atenas, mas quando cheguei lá, depois de um longo caminho, porque o trem é longe, não vi nada além de barcos enormes, e muita água. Ventava tanto que era difícil ficar parado e a sensação térmica era ainda mais fria. Nada de mais. Talvez no verão, em alta temporada, passar a tarde em um café à beira mar pode parecer um ótimo programa, mas naquela ocasião, não foi mais que um passeio sem graça.

Foi na volta para o hotel no final da tarde que passamos por uma senhora aventura. Andando por uma das ruas mais movimentadas do centro da cidade, começamos a observar uma movimentação estranha, de homens encapuzados, com aparência bem duvidosa, atravessando a rua de um lado para o outro, conversando entre si e vindo atrás de nós. Nossos corações dispararam, olhávamos para trás e começamos a andar cada vez mais rápido. Acho que, por sorte, os homens perceberam nossa desconfiança e nossos passos largos e começamos a tomar distância. A certo ponto não conseguíamos mais vê-los e chegamos no hotel sãs e salvas.
Depois dessa baita emoção, não quisemos mais saber de sair e passamos o restinho do dia no hotel, arrumando as malas para partir no dia seguinte e com uma impressão não muito positiva de Atenas.

01 de fevereiro – Atenas

O primeiro dia em Atenas ficou por conta de conhecer a Acrópole. Um passeio delicioso e inesquecível.
A medida que você vai chegando perto, o centro movimentado, com prédios enormes, buzinas de carros e comercio intenso vai dando lugar a vielas e casinhas no estilo colonial.
Sem perceber, vai subindo cada vez mais, e quando se dá conta, tem Atenas inteira à sua volta, e sobre os seus pés, o mesmo chão que pessoas oravam aos deuses há mais de 2500 anos atrás.
É inacreditável pensar como todo aquele mármore, cuidadosamente esculpido e tão puro, foi parar lá, sem guindastes, escavadeiras e toda a tecnologia que possuímos hoje em dia.
Paternon, Teatro de Dionísio, Odiseo. Passar o dia lá, observando Atenas e todas aquelas construções milenares é o que tem de melhor. Relaxante e renovador.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...